sábado, 4 de outubro de 2008

A Salvação

Não faz pouco tempo que ouvi falar da correlação entre a expectativa e a decepção. Lembro-me de um livro de um dos alardeadores da PNL. Faz sentido. É o que explica boa parte do que um tempo atrás chamei de "onda" — a alternância entre meus bons e maus estares.

Não chego a temer as boas sensações, as que me fazem desejar que sejam eternas. Algumas têm sua constância, embora isso não seja comum em sensações de maior intensidade. Eis mais uma chave sobre meu "período medieval", que ainda me exerce tanta influência. Meu ponto fraco ainda é a busca pela Salvação.

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Ontem estive conversando com um cara bacana, que no meio da conversa lançou a perspectiva das características dos pontos das pessoas. Ele disse que seu ponto fraco era mulher. Fiquei ruminando: — Pode ser bacanamente possível fortalecer o ponto fraco. Mas, supondo que um "ponto fraco" pudesse não ser invariavelmente fraco, então teria de ser apenas uma palavra. Decidi-me por "ponto-fraco" — afinal gosto da palavras compostas em que as componentes mantém sua independência fonética. Nunca gostei de exceções, menos ainda de adivinhação. Pois, "ponto-fraco" é melhor. Meu cachorro era o Toco, um pastor belga; minha guitarra é a Sotustra, uma Washburn Lyon; minha motocicleta é a Fernanda, uma semi-esportiva acessível; meu ponto-fraco é a Salvação, que, pelo jeito, também deve de ser mulher.

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Estou aqui experimentanto a música do Tiro Williams, que conheci na véspera do dia em que me desiludi com a Malu. Eles estavam lá na ocasião mesma, também. Pena que a qualidade de áudio do II BH Indie não seja lá essas coisas. Ou que talvez eu não tenha tido tanta sorte. Bem, não quero dizer que o som seja ruim, mas se aquilo fosse um show de música industrial de um selozinho qualquer, certamente teria dado pra entender o que as letras diziam. Se é que dissessem algo. Ainda bem que as letras da Malu eu já conhecia muito bem. 

Enfim, agora que me é possível ouvir as letras do Tiro Williams, gosto muito; especialmente da canção Painter Jane, que também está lá no MySpace. Daqui a mais 50 execuções, o número de Painter Jane ficará maior que o de A Despretensiosa (o que, conforme minha verdade-de-momento, será muito merecido). Tenho também o cedezinho, que comprei naquele sábado; então, se Painter Jane nunca chegar a ter mais ibope que A Despretensiosa, é culpa do cedê...

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Pois ontem tive uma decepção considerável. É que a Salvação veio me visitar, foragida da Idade Média. Ela sacou seus encantamentos, que encontraram meu espírito previamente amolecido pelas 36 horas de vigília do meu corpo. Pois é; muitos horrores nascem do cansaço (e da solidão). E dado que todas as sensações aparentadas com a decepção são catapultados pela expectativa, esta que é o mais apurado feitiço daquela bruxa...

Enfim, estou cansado e triste. Amedrontado, em parte. Como ainda sou muito ganancioso na arte de especular sobre a minha vida, eventualmente ocorrem estouros de bolhas, como tem ocorrido com o mercado americano. Daí, a frustração, certo abatimento e, nos casos mais graves, a prostração. 

Sei que nenhuma escolha é irrevogável. Por outro lado, eu apostaria muito alto que morrerei sem ter força suficiente para levantar com um só braço minha moto sem sofrer uma grave lesão muscular. Em todo o caso, aqui estou a desenvolver minhas humildes roldanas...

2 comentários:

  1. Pois é... especulação é complicado. Hoje a bolsa caiu -15% no pior momento do dia.

    Isso indica que é momento para migrar para aplicações conservadoras (que dão um lucro BEM menor, mas tem lucro garantido).

    Quem sabe um pouco de "conservadorismo" não o ajuda a superar esse momento de crise?

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  2. É por aí, Big Brother. Há muita relação entre a "Renascença" e uma "aplicação conservadora". O próprio resgate de algumas posturas mais humildes. É mais ou menos como se eu estivesse cansado dos investimentos de alto risco...

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