domingo, 21 de setembro de 2008

Desencantamento

Hoje descobri que a Malu não é perfeita.

Eu que arranje outro ídolo; alguém que me sugira perfeição. Talvez eu ainda precise de heróis!?...

Embora minha razão já soubesse preliminarmente, deixei-me deixar levar pela paixão. E fui apaixonado como uma criança; alegre e entusiasmado como uma criança apaixonada; ingênuo como uma criança alegremente apaixonada... Como uma criança, alegre e apaixonadamente...

Pois, ela é boa demais para ser idolatrada; boa demais para ser perfeita; boa demais para ser mais que simplesmente muito boa. 

Adeus, velha Malu! (Acho que não sentirei sua falta.)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Dama Dourada

Ainda bem que fui bem claro quanto à minha indecisão sobre pôr ou não aspas no meu pedido de desculpas. Ainda bem. Pois, o que eu faria agora? Poria ou desporia? Não sei. Desculpem-me. (Ou não.)

[...]

Tenho pensado muito em algumas conclusões que tomei numa sexta-feira de fim-de-ano. Foi enquanto a ex-primeira-dama ainda não se dizia "ex" (talvez apenas o pressentisse). Alguma coisa mudou de lá pra cá. Mais que isso: muita coisa mudou a partir de lá. Muitas coisas boas dificilmente teriam vindo. A Malu, por exemplo, em sua faceta que me é mais fascinante, me sugere em muito minha Dama Dourada.

Naquela noite em que o trem descarrilava e eu procurava por algo em que me agarrar, a Dama Dourada me apareceu como amiga. Teria sido até hoje excessivamente invasiva, se não fosse amiga a ponto de poder ser sinceramente perdoada. Creio que deve lhe passar desapercebidamente o efeito de algumas das suas sugestões. Talvez ela não suspeite do quanto dela há em "Os Filósofos da Via Expressa" — texto que trata da mais profunda conseqüência de que já tomei consciência, decorrente de uma conversa-de-bar.

Hoje tive uma breve conversa com o cara das baquetas. Então notei que aquela conversa com a Dama Dourada não foi completamente digerida. Parece-me que há ainda muito o que aprender em relação a isso. Talvez o suficiente para alguns anos. Ela me perguntava, em tom de sugestão: "Por que você não participa da festa?" E, em resposta, eu saía, em busca de um pouco de ar estrategicamente impuro; fugia da festa. Creio ter, depois, aprendido a participar. Creio ter, com isso, ganhado mais que perdido. Ainda não sei.

[...]

Então, voltando à Malu: consigo distinguir em minha admiração por ela três faces, que se entrelaçam: uma em relação à beleza da sua música; outra em relação ao seu modelo; outra em relação ao meu coração, que encontrei partido nos destroços de um trem descarrilado — a face mais notória. Mas outra me aparece ainda sem suficiente nitidez: a face da perpetuamente Dama Dourada.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ontem eu falei com o Thiago; hoje eu assisti à Malu (Ou, simplesmente, "Rascunho")

Hoje estive no A Obra pela primeira vez. Mais que isso: hoje vi a Malu e troquei com ela algumas palavras. Ouvi ao vivo muitas das canções que costumam animar às minhas madrugadas. E o cara das baquetas estava lá.

Surpresa não tive. O pouco que pude perceber no meio de minhas toneladas de expectativas esteve na curta faixa do presumido. Foram muitas as expectativas; e muitas, as reservas. Mas, afinal, mais as tive quanto ao fato de se eu compareceria ou não. (E o cara das baquetas estava lá.) Nem tanto mais esperei da Malu. O som não estava tão bom, nem eu estava em tantas condições de curti-lo. Até troquei com ela algumas poucas palavras, mas — porém, entretanto, não obstante, todavia, contudo, enfim —, nada muito além do presumido. Eu não esperava mais que o que vejo ao acessar o PalcoMP3. Seria demais esperar. Por um lado, confirmou a expectativa; por outro — e até contraditoriamente —, foi uma tremenda decepção. Não sei exatamente por quê, nem pretendo morrer frustrado se eu nunca souber. Continuo amando a Malu. Foda-se!

Bem, afinal, bem ou mal, ela falou comigo. E me disse coisas que ainda não decidi como usarei. Porra!, estou decepcionado pra caralho! No meio daquela festa, talvez melhor eu tivesse feito se parasse para simplesmente ouvi-la!; se eu escutasse, ao invés de gastar meu pescoço e meu verbo lesado! (Ou não.) Mas, por mais que eu deseje pensar diferente (e até consiga, em alguns momentos), ainda prefiro "Retrato Perfeito" em estúdio ao invés de ao vivo (ou não —  sei lá!). E a festa era mais simplesmente minha do que minha em relação a ela. Era a festa da ocasião. Poxa!, eu fui lá: isso é algo relevante. Geralmente não consigo fazer nada que me seja realmente importante. Geralmente me escondo. Geralmente prefiro deixar passar e lamentar depois. Mas eu fui lá. Eu vi a Malu e falei com ela. E o cara das baquetas estava lá.

[...]

Ontem falei com o Thiago. Mais surpresa tive ao conversar com ele. Talvez seja porque dele eu esperasse apenas a música; a arte musical. E ele é mais jovem; é verdade (apesar de eu até hoje dizer que não acredito nesse papo de idade). Mas, enfim, entre os contatos diretos que tive com grandes personalidades artísticas nos últimos vinte e quatro anos e trezentos e sessenta e um dias, mais me surpreendeu o Thiago. Não sei exatamente por quê, mas espero que, quando eu souber, saiba também aprender com ele. Thiago é um grande cara; mais que o que ele parece ser, tenha ele consciência ou não. E, apesar dos pesares, apesares e talvezes, não sei ainda qual dos dois é o melhor (aliás, não sei qual é o meu preferido; aliás, esquece!).

[...]

Enfim, curiosamente, tanto o Thiago quanto a Malu me causam algum tipo de identificação: o primeiro em relação à beleza do que julgo ser o meu passado e a segunda em relação à beleza do que julgo ser meu futuro. Ingenuamente, de qualquer forma; talvez, no fim, a mesma coisa. E o cara das baquetas não está longe...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O (") derradeiro (") pedido de desculpas

Coisa simples: por mais que eu deseje fazer algo definitivo, a única coisa que permanece é meu desejo de reformar. Talvez nem isso. Pois, é também por isso que nem tudo reformo. As contradições, aos poucos, também vão se tornando evidentes para mim. Ou não. Foda-se! (Mas permanece sendo foda...)

domingo, 7 de setembro de 2008

Complementação do texto anterior

Então, o que seria exatamente a "Renascença"?

Em diversos aspectos, tenho impressão de que, por volta dos meus quinze a dezesseis anos de idade, havia mais consistência e coerência em minha conduta, em comparação com o período que se seguiu. Naquele tempo, meu sistema de crenças era simples, cristalino, evidente; meus sonhos e objetivos eram precisos; minhas dúvidas eram apenas frestas à espera de preenchimento. (Aqui não estou negligenciando os efeitos da experiência, mas tratando de questão diversa e mais fundamental que a simples carga de conhecimento.) Pois, tal teria sido "o apogeu do Período Clássico".

Enquanto a filosofia se desenvolvia, minha autoconfianca inchava tal qual o Império Romano. Após um curto período de expectativa eufórica — convertida em decepção a câmbio paritário —, teve início a "Idade Média". Foi um período marcado pela busca do preenchimento das dúvidas através de emoções, tendo-se declarado a razão insuficiente. Tal qual a a História observa quanto à Filosofia na Alta Idade Média, em minha vida entraram em pauta conceitos tais quais "redenção", "salvação" e "fé", com predomínio desta sobre a razão. 

Na transição da minha "Idade Média" para "Era Moderna", há também elementos que podem ser comparados à Peste Negra, às descobertas decorrentes da Navegação e à Reforma Protestante. O texto "Futebol" pode simbolizar meu primeiro passo em direção ao "resgate da cultura clássica", enquanto "Os Filósofos da Via Expressa", o primeiro sinal de que a velha "Escolástica" começava a declinar.

Just be yourself

Fiquei me perguntando quais foram as razões das duas "republicações" anteriores. O sentimento de ironia que norteou a elaboração de  "Os Filósofos da Via Expressa", de dezembro de 2007, já havia sido citado neste blog, num post de 05/09/2008. Pouco depois, senti necessidade de republicar o texto completo. Então, veio "Futebol"...

Vejo que os dois textos — de fases bastante distintas — simbolizam momentos de bastante relevância na minha história. São marcos de alterações de postura, caracterizadas por poderem ser interpretadas como "enrijecimentos de posturas" (nesse ponto, muito menos acentuado em "Futebol", mas ainda assim), ao passo em que também simbolizam momentos de redenção, embasados em pólos maniqueístas distintos. Cada uma a seu tempo, ambas as propostas colapsaram (o que não é de se considerar uma surpresa).

Mas ambos os textos têm ainda a característica de apologizarem a postura racionalista: em "Futebol" isso ocorre nostalgicamente; em "Os Filósofos da Via Expressa", convictamente. Ao que parece, os textos foram postos aqui porque representam dois dos mais importantes elementos que compõem minha fase atual, a qual ainda poderá representar para minha vida o que a Renascença representa para a História.

Futebol (republicação)

Belo Horizonte, 2 de setembro de 2006.

Ingratas, as águas dos sentimentos! Como ousam elas se esquivarem de minhas arapucas?! Mas eu não desisto: sei que conseguirei domar a mim mesmo; a toda a realidade, ao belo estilo Neo.

Mil vezes me voltei para as insondadas águas de minhas venturas; lancei-me como flecha, à espera de tornar-me um tubarão, senhor de minhas águas. Assim foi, memoravelmente, em São Francisco, quando pela primeira vez observei que ainda sou dependente de meu ar; e que, mesmo intoxicado por ele, ainda lhe devia minha vida. Saltei, pois; pus-me como flecha; e antes mesmo que a água tocasse meus pulsos, tremi; saltei de volta à superfície, e já nunca tinha mesmo querido conhecer os abismos oceânicos. Registre-se esta censurável observação: sou teimoso, isso mais que determinado. Esperneio com certa desenvoltura; por isso, o risco de me sujeitar a fazê-lo já não me incomoda tanto assim. Agora tremo ainda e novamente; e, penso, terminei de espernear ainda no parágrafo anterior.

O desafio, Sotustra, é que voar é muito mais difícil que decolar; mergulhar é muito mais difícil que saltar. Talvez por autocompaixão, por preguiça ou mesmo por mediocridade, tenho passado a ter certo carinho pela palavra "medíocre". Pois veja só: não é a média o que instiga? Para superar, não é preciso estabelecer parâmetros? Pois, a busca pela superação, que tanto prezo, é meu mais certo atestado de mediocridade. Porque talvez, em São Francisco, não tenha sido exatamente daquele jeito: posso ter sim mergulhado, até onde meus tímpanos, pulmões e ossos permitiram; e posso ter voltado apenas para tomar um pouquinho de ar; para comprar algum livrinho de recordes que pudesse me fazer sentir acima da média e dos medíocres. Mas não seria a superação um assunto para medíocres? O Super-Homem talvez ria de seus idólatras — e, creio, não se interessa por livros de recordes.

Mas eu não sou o Super-Homem. Adoro medalhas. Aquele que penso ser é movido por coisas assim. Talvez se eu não tivesse sido tão magricelinho; e não tivesse sido tão ruim-de-bola na Educação Física; e não tivesse tido tanto medo de tomar uma bolada; e não tivesse nascido com aquele ridículo peito-de-pombo; e não tivesse tido que ouvir daquela minha bela coleguinha de classe, à arquibancada, que me faria bem se eu passasse a "tomar um café-da-manhã reforçado todos os dias"; assim, talvez, quem sabe, eu não tivesse me interessado por Nietzsche, ou por Chico Buarque, ou por Machado de Assis, ou por Duke Nukem. Por isso, talvez eu deva ao futebol (e à Fernanda Mara, por que não?) muito daquilo de que mais gosto, e de que mais gosto de gostar.

Certa outra figura da escola ainda muito mais contribuiu para minha "intelectualização". Na quarta-série, enquanto eu ainda estudava à tarde, nossa fila era formada no ponto mais alto do pátio; minha turma ficava naquele pequeno beco, ao lado da misteriosa porta que levava aos fundos da cantina e à casa dos cachorros. Numa das ocasiões, especialmente quando a fila celebrava o retorno à classe após o recreio, comecei a observar um garoto, o "marciano", que, assim como eu, era bastante magricela. Mas ele sabia se defender determinadamente; era um intelectual (!); todas as suas idéias e brincadeiras eram interessantes. Para mim talvez fosse um fim-do-mundo se eu é que tivesse aquelas veias verdes e aparentes ao lado da orelha; se eu é que fosse chamado de "marciano" por todos aqueles populares jogadores de futebol. Mesmo sendo ainda mais magro e talvez até pior jogador que eu, ele não faltava às aulas de Educação Física. Naturalmente, tornou-se meu herói; e, durante o curto período em que ainda estudamos juntos, foi o meu melhor amigo. Muitas das minhas chatices e manias atuais foram inspiradas nele, o primeiro "acima da média" que reconheci.

Daí em diante, a poesia e a música passaram a ser para mim algo mais que alguns meros instantes de distração. Só me dedicava àquilo que eu julgava fazer relativamente bem. Deixei inteiramente de comparecer às aulas de Educação Física, mas não fui por isso reprovado. Passei a faltar freqüentemente também às aulas das demais matérias, e consegui me segurar até o segundo ano do ensino médio.

Não mudei tanto.


Lekso

sábado, 6 de setembro de 2008

Os Filósofos da Via Expressa (Republicação)

Belo Horizonte, 22 de dezembro de 2007.

Estive em dúvidas ao começar a escrever esta carta; indecidido se me caberia afirmar tratar-se de outra noite tristemente solitária, ou se de um novo e doce começo de madrugada. Preferi esta última concepção, em homenagem à minha mais nova verdade; à minha feliz e promissora descoberta, obtida ao fim de uma festa comum, regada a cervejas de que não são a minha, a algum vinho talvez bom e a um acervo de pessoas aparentemente felizes, cujo riso ecoava no precipício da minha ainda ingênua solidão. Prefiro um sábado promissor, assim como é tal a vida que agora escolho. Belo Horizonte, sábado, 22 de dezembro de 2007.

Despendi eras inteiras procurando por minha beleza a priori; procurando por um Eu aprioristicamente amável. Procurei me despir ou exibir-me nos trajes mais inocentemente simples, na romântica esperança que houvesse em mim uma beleza essencial, inegável, bastante e suficiente para fundamentar o amor de segundas e terceiras pessoas. Procurei pelo amor e pelo perdão; nos outros, como se em Deus. Mas, como recitou o poeta, "se fôsseis deuses, então poderíeis vos envergonhar dos vossos trajes". Como a vida me força a reconhecer, não são deuses aqueles a quem tanto outorguei a carga da minha salvação; tampouco o sou. Minha velha nudez, afinal, nada passou de uma indumentária simploriamente démodé, que de nada me valeu. Dela já tive o bastante.

(...)

A estória que se segue me surgiu algumas horas atrás, enquanto, antes da confraternização de fim-de-ano, eu ainda me encontrava imerso nos problemas da solidão, da amizade e da vida. Uma estória prescrita, que registro apenas por motivos históricos. Inspirei-me em algo contado por meu irmão catarinense (salvo engano), em ocasião que já não sei precisar.

Era uma tarde nublada de sábado. O limiar do verão ainda não amontoava carros, pessoas e presentes. Um jovem motociclista trafegava alegremente na Leste-Oeste, cantando em homenagem a algum raso sentimento; costurava seu caminho como bem permitissem os largos espaços e as poucas buzinas; procurava pela faixa que lhe permitisse cantar mais alto. Na mesma pista, pela esquerda, aproximava-se uma jovem mulher, que também julgava conhecer da vida. Ela tinha menos pressa; por isso, reconheceu que não lhe cabia a faixa dos portadores de urgência. Entre o retrovisor e o volante, houve tempo demais; entre uma faixa e outra, tempo de menos. Alguns metros mais tarde, repousava o moribundo, cujo rosto não se podia reconhecer, mesmo já não portando o capacete.

Nessa ocasião, cruzavam-se os dois pedestres, que presenciaram o desastre na Via Expressa. Pararam e observaram, enquanto o finando e a ex-jovem se debatiam. Alguém buzinava incessantemente; outro perguntava pelo número do SAMU. A multidão se formava abiogeneticamente. A ambulância não chegou antes dos ambulantes, com seus comes-e-bebes.

Os dois observadores se compenetraram por severos minutos. O que primeiro venceu a paralisia de sua angústia falou consigo mesmo:

— Incrível!...

Minutos depois, também já mais aliviado, o outro o questionou:

— O que o senhor entende por "crença"?

Então, já visivelmente alheio à catástrofe, o primeiro:

— E o senhor, o que entende por "entendimento"?

Então, os dois se olharam nos olhos. Riram. Pegou cada um a sua Brahma. Foi assim o começo de uma nova eterna-amizade.


Lekso

Outra estória sobre o café

E, de tempos em tempos, me vem o café. Estranha espécie de redenção! Excelente exemplo de coisa! Ser misticamente sintetizador das características edênicas e infernais do "mundo real"! Tão difícil atingir as profundezas do sentimento que desperta!...

A mais importante lição deixada pelo café é a lição de qualquer droga: aquela que a vida repassa a quem ama sem ser amado.

Habilidade e contrabaixo elétrico

Talvez nunca tenha havido algo tremendamente bem-resolvido em minha vida. (E já não tenho tantas esperanças assim de que vá haver um dia.) Então, o baixo reaparece, meio que ressuscitado.

"Habilidade" é um conceito ao qual atribuo mais importância que o que me parece ser comumente atribuído. Às vezes até escracho: "Tudo é questão de habilidade." Cá com meus botões, procurando um exemplo pra demonstrar esse meu resumo da realidade prática, pensei em suscitar um choque de valores. Afinal, para que é preciso mais habilidade: para apreciar a Malu ou para apreciar alguma atração do SuperPop? Essa questão, comparativa, bem que pode ser respondida através de critérios valorativos; mas muito mais que reafirmar as maravilhas da música belo-horizontina (leia-se: "Malu"), pretendo prosseguir com minha apologia da razão (e a apologia da Malu fique pra outra ocasião). 

Numa noite dessa, enquanto praticava filosofia-de-bar, soltei minha máxima no contexto de uma discussão sobre o homossexualismo (que, aliás, tem cada vez mais partidários pela região): "Ora, isso é apenas questão de habilidade!" A réplica do cara das baquetas não pode ser transcrita, mas, afinal, não foi possível negar minha acertada. Pois, é outro exemplo típico. Sem hipocrisia: se eu tivesse tanta habilidade para, digamos assim, "apreciar pessoas do mesmo sexo que eu" quanto tenho para apreciar as mulheres; e se eu encontrasse um rapaz ducaralho (perdão pelo trocadilho...); e se a sociedade fosse menos intransigente (ou eu fosse tão indiferente às pressões sociais quanto às vezes tento parecer); enfim, nesses termos, se tudo isso, por que não "ser feliz"? (Ah, mas não me entendam mal: eu nunca experimentei, nem quero, nem vou, jamais, Zeus me livre! Até a maconha, que é socialmente aceitável, puxei mas não traguei... Juro!)

By the way, meu sistema operacional instalou uns patches aqui na minha cabeça que cada vez mais confirmam o "paradigma da habilidade". No bar, ontem, aconteceram algumas coisas surpreendentes, dentre as quais se destacou o ressurgimento do contrabaixo. A banda se tornou real. (Bem, ainda é uma idéia, mas agora, mais que "só uma idéia", é uma "idéia real"; ou seja, uma idéia localizada no plano das idéias que realmente pretendo tornar reais.) Então, assim, devaneios à parte, quem sabe esteja ficando mais próximo o dia em que dividirei o palco com minha Malu?

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

FCC, Thiago, Mallu e Malu

Por acaso, resolve o cara aqui voltar ao Fórum Cifra Club (FCC). Não sei de onde, não sei por quê. Então, como não poderia deixar de ser — taí a dica sobre "de onde" e "por quê" —, vai o cara reler as mensagens que enviou, checar se houve novas respostas ou menções às suas... 

Talvez antes disso tenha surgido a necessidade de tratar novamente dum velho problema, que reaparecia tão logo eu voltava a trabalhar com instrumentos virtuais. Na época, o FCC não me ajudara diretamente com o problema específico — terminei resolvendo sozinho —, mas de repente eu encontraria lá um esclarecimento adicional ou algo assim. É, deve ter sido por isso. Deve ter sido por causa de um sequencer que não gostava de Chopin.

Do fórum de gravação para o fórum de divulgação de músicas, foi uma coisa natural. Afinal já fazia muito tempo que eu postara aquele cover deformado do Jeff Buckley, até desistir (desgostosamente) de esperar por resposta. Abominava a idéia de martelar nos "Ups". Não poderia conviver com a idéia de implorar por um comentário. Reinava a "romântica esperança que houvesse em mim uma beleza essencial, inegável, bastante e suficiente para fundamentar o amor de segundas e terceiras pessoas". (Não posso deixar de observar que minha "teoria da beleza essencial", nunca inteiramente abandonada, retorna à evidência agora, também a propósito da minha recente descoberta da Malu Aires. Mas não sem notar o aparente paradoxo, já que ela é linda em todos os aspectos que pude avaliar.)

Enfim, desde que voltei a acessar o FCC, neste mês passado, tornei-me um visitante assíduo. Na realidade, apenas na questão que mais me interessa no fórum: o "Divulgue suas músicas". Talvez esteja aí uma demonstração de princípios. Algo como aquele provérbio tão citado pelos espiritistas, que seria a evolução do código de Hamurabi. Pois, faço questão de ouvir as gravações e de me manifestar. Submeto as canções a uma profunda avaliação crítica e posto a resposta, da forma mais amistosa possível. Exatamente como eu gostaria que tivessem feito em relação à minha gravação de um ano antes. Terminou que o único comentário que recebi foi em relação ao repertório, como faz o público inconveniente de barzinho que aplaude em começo de música, como quem vê o músico como um seu servidor. Nem tanto... Nem tanto. Mas, curiosamente, apesar de não ter emitido sua opinião sobre a gravação em si, o único que postou em resposta foi o Thiago.

Thiago Ramires me surpreendeu. Notei em seu trabalho uma beleza profunda, muito diferente da beleza meramente aparente, que andava me intrigando desde certa confraternização de fim-de-ano no Padre Eustáquio. (Hoje tenho impressão de que "é preciso ser uma metamorfose ambulante", mas de forma que a alternância não impeça a constância.) Enfim, estava lá um artista o qual, se eu estivesse alguns anos mais ignorante, eu teria dificuldades em reconhecer como tal. Em suas composições notei a abundância de algo cuja falta me distanciou da composição. Algo mais difícil e fundamental; algo que não é fácil de se aprender; algo que diferencia o simples trabalho da obra de arte. Em conseqüência, tornei-me seu fã, não obstante as diversas objeções técnicas, superficiais.

Uns sábados atrás ouvi falar na Mallu Magalhães. (Não posso dizer onde, porque fica feio um intelectual como eu admitir que estava assistindo ao programa do Huck.) E me aparece aquela coisinha de quinze aninhos com aquele rostinho delicado, pintado porque "sei lá". Em meus devaneios, imagino que a menina não tenha se incomodado um milímetro por ser aquele "peixe-fora-d'água", cantando sua própria canção escrita em língua estrangeira. Lá disseram que ela seria uma espécie de ídolo da internet (e parece que não está mesmo muito longe disso). Não sei. Fiquei mesmo encantado com a menina. Memorizei o seu nome (mais ou menos) logo na hora. Cheguei até a recomendá-la. Só anteontem, depois de uma breve conversa com o Google, parei para ouvi-la. Por pouco tempo. Ela é realmente uma gracinha; demonstra muito talento; faz um trabalho agradável; mas vou esperar por mais alguns anos antes de me tornar seu fã. (Foi a impressão que tive anteontem, pois neste momento o Chrome não está atendendo ao meu pedido de "Tchubaruba".)

Pouco depois, enquanto naufragava suavemente, esbarrei com o "BH Indie". Tanto o Fórum quanto o Thiago e a Mallu (no Huck) haviam contribuído em muito para reacender meu nunca totalmente abandonado interesse pela carreira musical. (Há também de se considerar a violenta influência da série de "encontros de músicos" de que eu participara nos últimos dias.) Uma equipe que promova o trabalho dos músicos independentes de Belo Horizonte, que excelente notícia! À frente, a Malu — minha maior descoberta musical desde que, em meados de 2006, fui apresentado à obra do David Bowie.

Criptografia em dose homeopática

Prezados Leitores,

Sou incapaz de escrever um blog impessoal. Mais que isso: ser-me-ia difícil escrever um blog pouco pessoal. Mas com o propósito de conciliar minha necessidade de escrever com o desejo de "ser lido", decidi recomeçar assim, do branco, com propósito definido. Que os novos textos venham! Aqui, o que esteja sujeito a camuflagens e criptografias ocorra em doses homeopáticas, para que as mensagens possam servir a alguém mais, além de a mim mesmo.

Sinceramente,

 
Lekso