sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Spring Yard Zone One

Brasília está ficando pra trás. Curiosamente, o deserto de asfalto está ficando normal. Já há muito tempo me acostumei com o trânsito desta cidade, a tal ponto que todos os outros me são estranhos. Na verdade, sinto que, em meio às vias, sou mais orgulhosamente brasiliense que o que quer que seja. Claro, dificilmente me admitirei como “brasiliense”, já que tal adjetivo — não sem algum carinho — talvez nunca me deixe de ser pejorativo. Ser "brasiliense" é ser mau; é ser servidor público; é ser mesquinho, idiota, medíocre e brasiliense, como todo brasiliense tende a ser. Se um dia eu te chamar de “brasiliense”, não leve a mal, pois devo estar em um mau momento. Não costumo ser tão rude, em especial com quem se digne a ler este blogue... (Mentira, pois costuma ocorrer o inverso!...)

Enfim, metrô não foi feito pra mim. Sinto isso também já há bastante tempo. Nunca me senti bem num metrô, exceto, talvez, em certo período de específica intrepidez, do qual não cheguei a tratar neste blog. Por fim, hoje estou em meu estado normal, por isso não gosto de metrô. Mas hoje ocorreu algo estranho nesse trem.

Como bem sabem os que me conhecem brasiliense, quando terrivelmente pego o metrô, entro numa extremidade e largo na outra... (...)

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Bem, enquanto escrevia este texto, sofri uma interrupção agradável. Sabe, às vezes a gente erra por exagerar, e, numa espécie de pedido de perdão, eu diria: “às vezes nos pedem algo e, em troca, pedimos mais.” É como poderia ser explicada a interrupção que se sucedeu. Enfim...

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Bem, em vão tentando retomar a linha anterior depois da já mencionada interrupção, esclareço que desde o princípio desta postagem eu pensava em dizer algo sobre cachorros. Eu sempre quis ter um labrador, apesar de nunca ter visto um; salvo talvez (apenas talvez) um caso isolado em Goiânia, quando quis comprar um cachorro, um magnífico filhote de labrador; quando afinal terminei levando pra casa uma calada viola caipira. Ainda bem que trouxe a Goiana, pois ela parece suportar bem melhor o meu desdém. Na melhor das hipóteses, apesar de meu descaso, ela não fuja de mim, como notei ter fugido o Bandolim, na tão adiada ocasião em que fui buscá-lo em vão em Montes Claros, há algumas semanas...

Enfim, mais que sobre o cachorro, eu pretendia dizer algo sobre a coragem. Mas, felizmente, algo melhor me sucedeu (algo a ver com a interrupção), e já nada mais me faz sentido dizer do que planejei dizer entre a estação e aqui. Agora apenas espero, com certo sentimento de urgência. E, se, sinceramente, posso dizer mais alguma coisa sobre hoje, é que, à parte todo o meu egoísmo, este parece ter sido o meu melhor dia do ano.

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