quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Até mais, primavera!...

Enfim, não é de hoje que sinto que sou um cara sazonal. Já há muito observei que o começo da primavera costuma ser maravilhoso, mas ao seu término, as coisas endurecem visivelmente. É como se no começo do verão eu tivesse que me desapegar da doce mãe primavera, por meio de uma fase de maremotos e montanhas ásperas. Talvez essa impressão remonte ao final da época de escola, quando o fim de ano me obrigava a querer correr atrás do prejuízo, na “recuperação” do ano letivo. Talvez não...

É curioso como certas coisas me ocorrem notoriamente em setembro, e como certas outras, meio que opostas, me ocorrem muito mais facilmente em dezembro. O fim-de-ano é para mim tipicamente um marco de abandono e solidão; é a época do ano que o maestro do mundo escolheu para me deixar só. Talvez seja por isso que eu não me interesse grandemente pelas festas de fim-de-ano; afinal, quando não estou bem nada me parece bom. Coincidência ou não, muito mais coisas belas me ocorreram no limiar ou no princípio da primavera, enquanto a maior parte das minhas catástrofes me ocorreu muito próximo ou durante o verão.

Claro, não estou tentando insinuar que o que se passa comigo hoje seja "catastrófico". Até estou bem (e quase estou sendo sincero); apenas estou um tanto doente e um pouco só. Doente ou não, estou tentando entender essa melancolia, que me ocorre tão frequentemente nesta época do ano. A experiência me ensinou que esse período, que acaba de iniciar, funciona em minha vida como uma espécie de purgante, que me ajuda a eliminar as coisas nocivas, das quais costumo depender infantilmente. Neste período afasto de mim aquilo que me faz mal, dentre os agentes externos; talvez porque já haja mal suficiente dentro de mim. Nesta época é que, em geral, mais amadureço e mais duramente me decepciono; é quando me surgem as feridas que pelo resto da vida me acompanham como cicatrizes. Esta época é singular.

(...)

Enfim, talvez o mapa astral possa explicar também algo a esse respeito. Então, de repente, tudo passa a ser culpa de Saturno ou de Andrômeda — ou, muito mais provavelmente, talvez minhas catástrofes surjam de algum tipo de desarranjo entre os Cybercops e os Cavaleiros do Zodíaco...

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