terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fernandinha de La Plata

Pois, ontem, mais pela manhã que quando voltava pra casa, fui muito injusto com a Fernanda. É verdade que pela manhã chovia, e, naquele estado de espírito, até chuvisco era ofensa. Eu me lembro de que, noutro tempo, gostava de andar na chuva, e a única ressalva ficava por conta da visibilidade. Também naquela época eu não me preocupava com resfriado, nem com pneumonia... Hoje me preocupo com resfriados e com a roupa amassada e suja; ainda não parei para pensar no que sentirei se vier a ficar doente de verdade por estes dias. Acho que, como antes, as coisas mais graves me incomodam menos, mas creio que algo tenha mudado também nesse sentido.

Neste fim-de-semana, quando buscava a Fernanda lá de Montes Claros, não apreciei nem um pouco a estrada. Estava cumprindo meta, fazendo o que precisava ser feito, porque pior seria se não fizesse. Agi como no trabalho, talvez até com menos prazer. Foi chocante. Gosto de gostar do que costumo gostar; gostaria que todas as minhas boas paixões fossem eternas. Tudo culpa da lua. Mas já aceito melhor a minha instabilidade, apesar de precisar cuidar para que não a aceite demais, e passe a lamentar pelos momentos de calmaria. Em oposição, gosto da Fernanda ainda, mesmo que já não tanto. Está sendo difícil aceitar o caminho do meio, agora que desconfio dos lados bons das coisas. É bom passar no meio dos carros, mas ter medo de quebrar a perna é um saco.

(...)

O pessoal do trabalho ontem aceitou até bem a ideia da minha TPM, que ficou ainda mais verossímil hoje, que passou. Se perguntassem, diria hoje que estou apenas de ressaca. Se eu realmente fizer as pazes com a motoca, talvez leve adiante a ideia de viajar sem rumo, talvez até a Argentina, talvez até a Holanda. Na verdade, agora penso em conhecer o Rio de Janeiro, preferencialmente sem correr grandes riscos de ter que passar outra tarde no Tom Jobim carregando um tanto de tranqueiras. Inclusive, se for o caso, vou dar um jeito de viajar sem bagagem; talvez apenas com a mochila, revestida por dentro, de forma que eu não precise me preocupar com a chuva ou com a rede-de-amarrar-mochila-dentro-de-saco. Quero chegar e sair quando der na telha. Quero deixar o capacete no bauleto, e, se der, ter também os ombros livres. É verdade que assim fica difícil; é por isso mesmo que será preciso fazer as pazes direito com a ruivinha. Quando a gente ama, todas as cargas são leves.

Se eu ainda fosse jovem, ia querer comemorar por ter reativado o blogue. Ia começar a fazer planos, compromissos, projetos, até mandar tudo pro alto e querer passar longe daqui. Se isso ocorresse, pelo menos iria poder colocar a culpa na lua, caso eu não esteja disposto a me responsabilizar pela burrice. Isso me lembra duma colega de Montes Claros, com a qual esbarrei na noite de sábado, e que disse, noutra era geológica, que tenho baixa inteligência emocional. Ainda bem que não sou um bom guardador de rancores. Afinal, nem me lembro de qual foi a companhia aérea que me deu tão má impressão sobre aquela que um dia será, na melhor configuração de futuro, a minha querida Metrópole à beira-mar...

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