quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Dama Dourada

Ainda bem que fui bem claro quanto à minha indecisão sobre pôr ou não aspas no meu pedido de desculpas. Ainda bem. Pois, o que eu faria agora? Poria ou desporia? Não sei. Desculpem-me. (Ou não.)

[...]

Tenho pensado muito em algumas conclusões que tomei numa sexta-feira de fim-de-ano. Foi enquanto a ex-primeira-dama ainda não se dizia "ex" (talvez apenas o pressentisse). Alguma coisa mudou de lá pra cá. Mais que isso: muita coisa mudou a partir de lá. Muitas coisas boas dificilmente teriam vindo. A Malu, por exemplo, em sua faceta que me é mais fascinante, me sugere em muito minha Dama Dourada.

Naquela noite em que o trem descarrilava e eu procurava por algo em que me agarrar, a Dama Dourada me apareceu como amiga. Teria sido até hoje excessivamente invasiva, se não fosse amiga a ponto de poder ser sinceramente perdoada. Creio que deve lhe passar desapercebidamente o efeito de algumas das suas sugestões. Talvez ela não suspeite do quanto dela há em "Os Filósofos da Via Expressa" — texto que trata da mais profunda conseqüência de que já tomei consciência, decorrente de uma conversa-de-bar.

Hoje tive uma breve conversa com o cara das baquetas. Então notei que aquela conversa com a Dama Dourada não foi completamente digerida. Parece-me que há ainda muito o que aprender em relação a isso. Talvez o suficiente para alguns anos. Ela me perguntava, em tom de sugestão: "Por que você não participa da festa?" E, em resposta, eu saía, em busca de um pouco de ar estrategicamente impuro; fugia da festa. Creio ter, depois, aprendido a participar. Creio ter, com isso, ganhado mais que perdido. Ainda não sei.

[...]

Então, voltando à Malu: consigo distinguir em minha admiração por ela três faces, que se entrelaçam: uma em relação à beleza da sua música; outra em relação ao seu modelo; outra em relação ao meu coração, que encontrei partido nos destroços de um trem descarrilado — a face mais notória. Mas outra me aparece ainda sem suficiente nitidez: a face da perpetuamente Dama Dourada.

2 comentários:

  1. Vendo assim rápido parece que a Renascença quase voltou à Idade Média, mas acabou por progredir. Ou não. À propósito, gosto desse ou não! É impossível estar errado com ele. Ou não.

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  2. Muitos dos meus hábitos ainda são medievais, mas creio que tendam a se modificar...

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