quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Mais especulação

É necessário ter objetivos? — Essa questão parece se assemelhar com a questão dos propósitos; mas, diferentemente, "objetivo" — termo originado de "objeto" — pressupõe a existência de um sujeito cognoscente. Entendamos "objetivo" como "aquilo que é desejado (pelo sujeito)". Logo, considerando que "desejo" é um substantivo originado de derivação imprópria do verbo desejar (eu desejo), verbo o qual, por sua vez, é intrinsecamente transitivo; considerando que o desejo é imprescindível para a manutenção da vida; e considerando que a vida é imprescindível para os propósitos da necessidade e do objeto, temos que é necessário ter objetivos.

Convém selecionar os objetivos? — Primariamente, "conveniente" significa "útil, proveitoso, interessante". Já o termo "selecionar" possui íntima ligação com o termo "preferir", que se guia pelo próprio conceito de conveniência, seu objetivo particular. Logo, convém selecionar (o que quer que seja).

Existem coisas impossíveis? — Impossível é o que contradiz; o que é falso. Empiricamente, é o que contradiz alguma lei verificada. Praticamente, é o que escapa dos domínios do poder. Nesses termos, existem coisas impossíveis.

É sempre possível selecionar? — Seleção pressupõe multiplicidade; logo, só é possível selecionar entre mais de uma concepção. No entanto, é prerrogativa irrevogável do sujeito cognoscente a multiplicação de suas próprias concepções. Logo, o sujeito possui o poder necessário, de forma que é sempre possível selecionar.

É possível selecionar os desejos? — Considerando que é sempre possível selecionar, é sempre possível selecionar os desejos.

É sempre possível manipular os desejos? — Considerando o que vemos ocorrer com o desejo sexual, a fome e a sede; com o risco da extrapolação, a experiência sugere que sim. Outrossim, considere-se que a multiplicação das concepções também o afirma.

Por que manipular os desejos? — Para que, diante dos obstáculos encontrados para sua satisfação, o desejo não morra. Porque sem desejo morre o sujeito.

3 comentários:

  1. Discorra, por favor, sobre o "risco da extrapolação".

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  2. Então, meu caro Mendelson, a expressão "risco de extrapolação" é reflexo de uma postura racionalista, em oposição à empirista. Se jogarmos mil maçãs para cima e todas caírem, não temos aí uma prova racional de que o mesmo ocorrerá com a décima-primeira. Assim, já que minha pretensão era atingir a conclusões inequívocas, precisei apor a ressalva. Certamente ainda escreverei a respeito, pois se trata de um problema que muito me importa, e que ainda me está muito mal-resolvido.

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  3. Interessante seu raciocínio! Estar assim tão estruturado aumenta em muito a capacidade de chegar a conclusões verdadeiras (ou de identificar mais facilmente os erros de lógica). ^^ Queria que toda corrente de internet sobre como se deve viver a vida fosse assim...

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