quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sincresia etílico-alcalóide

Falar; dizer. Até quando? Até que ponto? Dizem que digo demais. Parece-me que eles estão errados — eles, que dizem demais. Mas e se eu não for compreendido? E, afinal, o que ganharei ainda que eu não seja compreendido? — Foda-se? — Nem sempre. Até me fodo; e me lasco. Pois, que se me lasque! Que merda?! Que bom! Pois, — ah! — que se lasque (ou se foda, se for melhor)!

Algo está incerto. Algo, talvez, que nunca me foi certo. Mas saberei encarar, procurar ser capaz, à altura, de alcançar tudo aquilo que tanto me atrai? — Afinal, o que é que tanto me atrai? — Falemos novamente em fodeção? Ah, sempre! Sempre tratamos de libido! Porque Freud era Deus! Freud sabia das coisas. Freud gosta de sexo. Freud gosta daquilo de que não se pode saber. Mas Freud está morto. Então ele não ligará. — Pois, com todo o respeito, Freud: vá se foder. E goze! E o resto, por sua vez, que se foda também! (E, assim, enquanto todos se fodem, Freud é quem goza...)

(...)

Há muito tempo estou cansado. Sempre assim: o cansaço. Mas cansado de quê? — Pois, hoje, estou cansado do cansaço vil, bastante para apenas o discurso. Estou cansado da estética morta; daquela que, para mim, talvez preencha — apenas talvez —, mas não a mim mesmo. Estou cansado de muito; das redundâncias; das aliterações meramente acidentais; dos acidentes propositais; das rimas; da forçação; da barra; do cansaço...

Mas, ainda assim, desejo. Necessito, mas não digo: — em parte porque não sei; em parte porque não sei dizer perfeito-bestialmente, como me entendam. E, se for o caso, que eu me foda! — Quem sabe se não está aí a origem do vocábulo "autofagia"?

(Explicações, peçam a Vygotsky; Freud está ocupado demais se fodendo no além.)

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